21 agosto 2025

NIT - SOBRE AULAS QUE NÃO APRENDEMOS A DAR


Eu voltei para o NIT uma semana depois do retorno dos encontros e sem muita convicção.

Escrevo este texto na sequência do último post. A escrita sobre o semestre passado me deixou uma sensação muito melhor do que eu lembrava.

Eu já meio que tinha me conformado com esse lugar de observação, sem saber ao certo em que deveria me atentar, quando, em uma dessas quintas, um dos adolescentes abandonou aos prantos a atividade que a Michelle estava conduzindo.

Bullying, tristeza, medo, solidão, isolamento, culpa, sexualidade, dificuldade nos estudos, incompreensão dos pais: seguiu-se um longo e dolorido relato das muitas dores que um corpo ainda tão jovem já atravessa — violências que muitos adultos não suportariam.

Me senti sem ferramentas para fazer qualquer coisa além de escutar. Onde foi que perdi a lição sobre o que fazer nessas situações? Que jogo teatral se aplica quando esse tipo de coisa acontece?

Escutei o garoto com atenção, carinho e solidariedade. Coloquei-me à disposição, disse que ele não estava só, que era querido — pelo menos ali no teatro — que era amado, e que podia contar com a gente. O que mais eu poderia fazer naquele momento senão assegurar que ali aquele menino tinha um lugar onde podia se sentir bem consigo mesmo, ainda que apenas algumas horas na semana?

Depois de algum tempo, voltamos para a sala. Ele segue meio isolado ainda — mesmo aqui no grupo do NIT. Mas continua vindo.

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